Após meses de fervorosa
antecipação, Pokkén Tournament chegou
a todo o mundo a 18 de Março e com este título, uma nova forma de batalhar.
Enquanto treinadores, imaginar uma batalha entre Pokémon sempre foi um exercício
de imaginação peculiar e naturalmente empolgante para além dos limites
conceptuais e visuais do formato RPG de turnos que a série principal – mas não
só – nos habituou. Desde há vinte anos a esta parte, a fórmula característica
da série principal sempre marcou um standard
de jogabilidade nas batalhas, elemento central e icónico dos jogos da franquia,
reservando-se outros meios para complementar a imagem mental das mesmas, seja
através imagética estática da manga como, de forma muito mais evidente, pela
fluidez da animação na(s) série(s) anime,
até hoje o único vislumbre legítimo de como seria o confronto entre treinadores
e respectivos Pokémon numa base dita ‘realista’ na medida do possível.
Neste sentido, Pokkén Tournament muda de forma notória
o paradigma ao qual as batalhas entre Pocket Monsters estavam restritas em termos de jogos. Pela
primeira vez na história da franquia, somos presenteados com um título que
permite, através das mecânicas de um fighting
game, experienciar e desfrutar a essência primária – directa e imediata,
sem turnos - de um duelo entre dois Pokémon aliada à imersão ímpar que
caracteriza o género. A aposta da Pokémon
Company em colaboração com a Bandai
Namco - nomeadamente as mentes por detrás das séries Tekken e Soul Calibur - foi,
desde a primeira hora, significativamente grande pelas implicações que estavam
em cima da mesa ao juntar dois universos tão distintos sem fazer cedências de
parte a parte que comprometessem a experiência de jogo, que se pretendia por um
lado original ao introduzir Pokémon no género Fighting e, por outro tradicional quanto baste ao ponto de não
desvirtuar a essência do que constitui um jogo do género, ou não fossem as
séries supracitadas dois exemplos paradigmáticos dentro da categoria. Em termos
básicos, garantir por um lado um fighting
game original, bem estruturado e apelativo quer a nível casual como
competitivo e, por outro lado, salvaguardar a essência da franquia Pokémon
nesta transição, nos mais ínfimos detalhes.
A análise de Pokkén Tournament recai inevitavelmente neste binómio e talvez a
questão mais pertinente a ser colocada – da qual depende significativamente o
veredicto – seja saber de que forma este título consegue corresponder às
expectativas dos jogadores mais exigentes, sejam estes treinadores ou
entusiastas de ‘jogos de luta’. Ou ambos.
Em termos gerais e no que deixa
transparecer desde o primeiro contacto, Pokkén
Tournament define-se como como um título de apresentação simples e
acessível mas que esconde uma complexidade inegável ao nível das mecânicas de
jogabilidade e do indissociável factor competitivo que sustenta o apelo básico
do jogo, como qualquer outro título digno do género. Desde o primeiro momento
que o jogador começa a explorar o jogo é evidente o cuidado visual na
apresentação de uma interface user-friendly,
o que é particularmente relevante tendo em conta o público-alvo de Pokémon, não deixando de ser ao mesmo
tempo fiel à estrutura simples de um fighting
game. Partindo do ecrã do World Map,
de onde o jogo se desdobra nas suas diferentes secções, a simplicidade da
apresentação é evidente, sendo este um dos pontos positivos a assinalar.
Bem vindos à região de Ferrum! O ecrã do World Map é o ponto de partida para explorar todas as secções de jogo de Pokkén Tournament. |
Do ecrã do Word Map, que corresponde à vertente sul da região de Ferrum,
exclusiva (?) do jogo, o jogador acede, como foi dito acima, às diferentes
secções de jogo, definidas por cores concretas: My Town, Practice, Ferrum League, Single Battle, Online Battle
e Local Battle. A acompanhar a
progressão do jogador desde o primeiro momento, a sempre prestável Nia - por
vezes até demais – faz as honras da casa e guia o jogador como assistente,
explicado ao mais ínfimo pormenor as diferentes secções de jogo, dando dicas de
estratégia e apoiando, literalmente, o jogador com Cheer Skills, a eleborar mais à frente.
My Town |
My Town é a “central de comando” do jogador, onde este pode ajustar
as opções de jogo, consultar os recordes e registos de batalha nos diferentes
modos de jogo que Pokkén oferece e
personalizar a experiência a vários níveis, desde a estética a estratégia.
Na secção de Profile, é possível
personalizar o avatar de treinador, conferindo-lhe um toque pessoal e
identitário que, entre outros atributos, define a persona do jogador no modo online. A customização do avatar é, em
boa verdade, insana, embora se baseie numa palete de cores comum: penteados,
roupa, acessórios e efeitos de fundo contribuem para uma notável diversidade de
opções de personalização. Estes atributos podem ser comprados com Poké Gold, a moeda in-game que o jogador acumula mediante a participação em batalhas e
a conquista de proezas concretas ou desbloqueados de forma aleatória através de
Lucky Bonus no fim de algumas
batalhas. Nia também pode ser personalizada embora apenas com conjuntos de
roupa pré-definidos obtidos após a conquista de determinados feitos ao longo do
jogo. A juntar à personalização estética, o jogador pode desbloquear títulos ao
longo do jogo num sistema semelhante à aquisição de troféus/achievements que pode associar ao
respectivo perfil, assim como frases de saudação/desafio da mais variada
natureza.
"M'lady." |
Na secção Pokémon, o jogador gere
os atributos do Pokémon Parceiro (alternável) assim como dos Pokémon Suporte,
uma das novidades de Pokkén Tournament.
Os Pokémon Parceiro correspondem aos que compõem o roster do jogo, começando por ser catorze – Lucario, Pikachu,
Pikachu Libre, Blaziken, Gardevoir, Sceptile, Gengar, Machamp, Braixen,
Chandelure, Suicune, Weavile, Charizard e Garchomp - e terminando em dezasseis
quando a estes se juntam Mewtwo e Shadow Mewtwo, durante e após o término da
campanha Single Player. Aqui surge
uma das críticas negativas óbvias ao jogo: o tamanho diminuto do roster em comparação com outros títulos
do género, não obstante a hipótese viável de virem a ser acrescentados mais
Pokémon ao roster – uma observação
atenta do ecrã de escolha de Pokémon Parceiro dá a entender a hipotética
existência de espaço para, pelo menos, quatro slots extra – através de DLC, gratuito ou pago.
No entanto não deixam de ser
questionáveis as razões que levaram a criar um roster que, para todos os efeitos, é diminuto para os standards actuais dentro do género assim
como as escolhas feitas em termos de representantes. A representatividade acaba
por surpreender pelas escolhas feitas, umas praticamente naturais pela popularidade
inerente a alguns dos Pokémon do roster
ao passo que outras acabam por ser adições inesperadas e que, de certa forma e
à primeira vista, parecem misplaced
no tipo de jogo que é. No entanto não se pode alegar, em alguns casos, falta de
originalidade como é o caso de um certo candelabro fantasmagórico. A pergunta
inevitável que surge é “Num universo de mais de 720 Pokémon, não haveria
melhores escolhas?”. Da mesma forma, levantam-se outras perguntas imediatas
como “Porquê três Pokémon iniciais de Fogo e apenas um de Erva e nenhum de
Água?”
Obviamente que a resposta a esta
e outras perguntas semelhantes não é devida a este texto até porque acabaria
por assentar em preferências pessoais, no entanto é de salientar que, se alguns
Pokémon acabam por “encaixar” em Pokkén
de forma digamos, “natural”, sendo a sua movepool
amplamente conhecida e adaptável ao jogo, não deixa de ser verdade constatar
que a adição de lutadores em tudo inesperados e “estranhos” acaba por
providenciar um maior leque de opções de estilos de luta e, em última análise,
de contribuir para uma maior variedade ao nível de estratégias e abordagens em
termos da oferta do roster.
Este factor surge como um dos
mais relevantes a assinalar por esta e outras razões. Se por um lado o roster de Pokkén Tournament é notoriamente minúsculo, por outro esta condição
acaba por ser colmatada por um desenvolvimento aprofundado de cada Pokémon, sem
excepções, pormenor de suma importância. Os dezasseis Pokémon Parceiro denotam
um cuidado singular ao nível individual de forma a salvaguardar a originalidade
de cada um assim como a garantia de que todos os representantes do roster são dramaticamente diferentes uns
dos outros. Mesmo aqueles que se assumem como aparentes “clones” –
Pikachu/Pikachu Libre e Mewtwo/Shadow Mewtwo – conseguem ser únicos por
comparação apesar de partilharem atributos muito pontuais ao nível de movepool e técnica de combate. Este
pormenor é notório desde logo no tipo de lutador que define os atributos de
cada um – ex. Pikachu é Standard enquanto
Pikachu Libre é Speed – Mewtwo é Standard enquanto Shadow Mewtwo é Technical – e na comparação dos
restantes Pokémon e respectiva tipologia de combate.
Em breves palavras, o jogador
encontra em cada Pokémon Parceiro uma solução distinta de combate, podendo
facilmente encontrar um ou mais Pokémon adaptados ao seu estilo pessoal. Caso
encontre dificuldades em termos de matchup
com um Pokémon adversário, o jogador consegue, com relativa facilidade mas sem
esquecer o devido treino, encontrar uma alternativa no roster para efeitos de compensação. A profundidade de
desenvolvimento de cada lutador permite e motiva quer a especialização como a
alternância, levando o jogador a procurar conhecer todos os Pokémon que tem à
disposição de forma a definir um ou mais Pokémon principais e eventualmente
secundários. Tendo este factor e a sua cuidada e funcional execução em conta,
pormenores como o tamanho do roster
ou as escolhas de Pokémon para nele figurarem tornam-se, em boa verdade,
irrelevantes. À medida que o jogador treina e explora a jogabilidade dos
diferentes Pokémon Parceiro, torna-se inevitável constatar a natureza legítima
de cada um neste campo. Desde que foi anunciado, uma das questões pertinentes
que se levantou relativamente à transição de Pokémon para um fighting game assenta precisamente na
forma os Pokémon escolhidos seriam fieis a si próprios.
Por outras palavras, até que
ponto os Pokémon seriam de facto fieis ao seu movepool e, por esta via, adaptáveis a um género nunca antes
explorado na franquia. A resposta torna-se evidente com o treino e é deveras
gratificante pois a uniqueness de
cada Pokémon também se revela na maneira como estes aplicam golpes e técnicas
que lhe são naturais em proveito da uma jogabilidade fluida e acima de tudo,
funcional. Todos os Pokémon Parceiro apresentam signature moves que os caracterizam assim como golpes únicos para
além dos golpes base comuns a todos. A transição do combate de turnos para os inputs de um jogo de luta está
magistralmente bem conseguida e é provável que esta “garantia de autenticidade”
seja uma das razões que levou a optar por um roster pequeno. Ao número diminuto de Pokémon parceiros, os devs de Pokkén respondem com Pokémon
autênticos e fiéis a si próprios, minuciosamente trabalhados para encaixar nas
arenas sem desvirtuamento do que os define no tradicional combate por turnos da
série principal. No entanto, compreensivelmente, não é possível atribuir Technical Machines aos ditos cujos nem
tão pouco desbloquear novos golpes personalizados. “What you see is what you get” no entanto o exercício de descobrir
totalmente um Pokémon de forma a conhecê-lo a fundo dispensa alternativas de
jogabilidade pelo inerente desafio que representa.
O último atributo relacionado com
os Pokémon Parceiro é a alocação de Skill
Points. Estes Skill Points
representam um dos pormenores mais relevantes do jogo pois permitem moldar os
Pokémon do roster de uma maneira
preferencial para cada jogador, seja para corresponder a um estilo de jogo em
particular como para efeitos de compensação em termos de atributos técnicos,
por exemplo, investir pontos de modo a reforçar atributos que a classe – Standard/Speed/Power/Technical – de
determinado Pokémon tem em falta. Por exemplo, aumentar os atributos de Defesa
de um Pokémon da classe Speed de modo
a este não ficar exposto em termos defensivos onde a dita classe está mais
vulnerável, entre muitas outras combinações.
As atribuições de pontos surgem naturalmente à medida que o jogador conhece melhor as vantagens e desvantagens inerentes ao Pokémon que usa. Factor positivo na gestão dos Skill Points é estes serem amovíveis (apenas dentro de um Pokémon, não sendo transferíveis para outros) e não ficarem trancados no momento da atribuição nos quatro campos técnicos do Pokémon – Ataque/Defesa/Synergy/Estratégia – pelo que o jogador pode, a qualquer momento deslocar pontos de um campo para o outro de modo a colmatar os atributos que entender serem preferenciais para determinado Pokémon. Positivo é também constatar que é possível acumular Skill Points no fim de cada batalha, em praticamente todos os modos de jogo, da Ferrum League ao online ou mesmo Single Battles. Nenhuma batalha é em vão e todas, terminem em vitória, derrota ou empate, contribuem com pontos de experiência para uma barra de progresso que, uma vez preenchida, desbloqueia uma unidade de Skill Point, sendo que a progressão na Ferrum League acaba por ser o método mais rápido para garantir estes preciosos pontos e para conhecer os prós e contras do Pokémon Parceiro.
As atribuições de pontos surgem naturalmente à medida que o jogador conhece melhor as vantagens e desvantagens inerentes ao Pokémon que usa. Factor positivo na gestão dos Skill Points é estes serem amovíveis (apenas dentro de um Pokémon, não sendo transferíveis para outros) e não ficarem trancados no momento da atribuição nos quatro campos técnicos do Pokémon – Ataque/Defesa/Synergy/Estratégia – pelo que o jogador pode, a qualquer momento deslocar pontos de um campo para o outro de modo a colmatar os atributos que entender serem preferenciais para determinado Pokémon. Positivo é também constatar que é possível acumular Skill Points no fim de cada batalha, em praticamente todos os modos de jogo, da Ferrum League ao online ou mesmo Single Battles. Nenhuma batalha é em vão e todas, terminem em vitória, derrota ou empate, contribuem com pontos de experiência para uma barra de progresso que, uma vez preenchida, desbloqueia uma unidade de Skill Point, sendo que a progressão na Ferrum League acaba por ser o método mais rápido para garantir estes preciosos pontos e para conhecer os prós e contras do Pokémon Parceiro.
Individualmente, cada Pokémon recebe Skill Points no final das batalhas. |
Volvidas muitas batalhas, os Skill Points começam a fazer a diferença na construção técnica de cada Pokémon e são alocáveis a qualquer momento. |
Seguem-se os Pokémon Suporte, definidos por duplas em mais de uma dezena de sets pré-definidos e desbloqueáveis
durante a campanha Single Player. Tal
como os Pokémon parceiros, estes podem ser definidos na secção de My Town. Como o próprio nome indica,
estes Pokémon servem de assistência ao jogador durante as batalhas, actuando
das mais diversas formas em benefício do jogador: Dar dano ao adversário, criar
aberturas para contra-ataque, afastar ou puxar o adversário, conferir mais
energia à Synergy Gauge de forma a
esta encher mais depressa e possibilitar o o modo Synergy Burst, etc.
A utilização dos Pokémon Suporte não é obrigatória (tal como o Synergy Burst) no entanto estes conferem ajudas preciosas durante o combate quando usados no timing adequado e sempre que possível em complementação ao estilo de luta do Pokémon Parceiro. Escolher os Pokémon Suporte certos para determinado lutador/adversário pode fazer a diferença entre a vitória ou a derrota e não é de descurar o estudo adequado destes ‘ajudantes’ de modo a tirar o melhor partido deles em benefício próprio. No entanto esta mecânica tem tanto de inovador como de falha dada a impossibilidade de definir sets personalizados. O jogador pode definir três sets por defeito antes de cada batalha e alternar – ou não - entre os dois Pokémon do set escolhido entre as rondas da batalha. Ao levar as batalhas mais a fundo, é natural o jogador encontrar Suportes preferenciais de forma a complementar Pokémon X ou Pokémon Y (no pun intended) do roster. Eventualmente, a personalização de sets permitiria levar este processo mais a fundo, podendo o jogador definir os Pokémon Suporte nos pares mais adequados ao estilo de jogo pretendido. Esta opção simplesmente não existe e acaba por ser um shortcoming notório e francamente estranho num jogo que em tudo procura flexibilizar a abordagem e aprendizagem do jogador para um melhor desempenho face aos adversários.
Por último, na secção My Town, temos os Cheer Skills da Nia já mencionados, acessíveis através das opções
de Advisor. Esta funcionalidade
permite o incremento de determinados atributos durante uma batalha, em moldes
semelhantes aos de alguns Pokémon Suporte, podendo actuar em “sintonia” com
estes para efeitos mais imediatos e eficazes. Actuam em diferentes campos e em
condições distintas, nomeadamente rondas e em função de vitórias/derrotas em
cada uma e dependendo da escolha permitem rentabilizar atributos em função do
que é mais útil ao jogador. Por exemplo, o Cheer
Skill de Synergy permite encher
mais rapidamente a Synergy Gauge em
todas as rondas, independentemente se o jogador venceu ou perdeu rondas. Já a
de Pressure permite uma Synergy Gauge rapidamente preenchida na
última ronda, o que permite por um lado um jogo de pressão maior nessa ronda,
sobretudo para Pokémon cuja Synergy gauge
requer mais tempo/golpes para preencher. Já a de Cheer Skill de Suporte faz com
que a Support Gauge seja preenchida
mais rapidamente a partir da segunda ronda, um atributo útil para o jogador
mais técnico que faz uso recorrente de Pokémon Suporte até porque, da mesma
forma que a Synergy Gauge demora a
ser preenchida em determinados Pokémon, a disponibilização dos Pokémon Suporte
também varia consoante o Pokémon escolhido.
De My Town transitamos para a de Practice,
legitimamente colocada no World Map
sobre Techna City ou não fosse o espaço privilegiado para descobrir e treinar
as técnicas de combate à disposição do jogador. Naturalmente, trata-se de um
espaço de aprendizagem e de frequência aconselhada a todos os jogadores que
querem levar o jogo a um outro patamar de exigência técnica. Esta é aliás a primeira secção que o
jogador conhece ao entrar pela primeira vez em Pokkén Tournament devido ao Tutorial que aqui se encontra. O foco
na aprendizagem é constante em Pokkén
e é aqui que se torna mais evidente pois coloca à disponibilidade do jogador,
de forma organizada, os diferentes campos de treino, motivando-o a conhecer e
melhorar a técnica dos diferentes Pokémon, desde o modo Free Training onde se pode escolher o Pokémon adversário e
respectivos Pokémon Suporte para treino livre, ao Action Dojo onde se podem treinar os golpes e sequências básicos de
um Pokémon, terminando no Combo Dojo onde os Pokémon se “desdobram” em
combinações de golpes e follow-ups
que, em última análise, correspondem ao estado mais avançado do treino. Uma
secção a não descurar e a visitar com frequência, se o objectivo passar por
conhecer a fundo determinado(s) Pokémon.
Do treino para a secção da campanha Single Player, a Ferrum League. A história do jogo desenvolve-se ao longo das diferentes Ligas que compõem a Liga maior que recebe o nome da região e é através deste modo que se progride na história e se desbloqueiam os mais diversos elementos já mencionados anteriormente, desde Pokémon Suporte a Cheer Skills sem esquecer títulos e adições ao roster até então trancadas. A história em si, narrada através de um formato de visual novel típico de RPGs japoneses, não sendo propriamente complexa e extensa em narrativa, condensa elementos interessantes ao nível de lore que poderão ter repercussões em toda a franquia, de maneira que quem estiver disposto a ler nas entrelinhas, pode descobrir em Pokkén Tournament alguns elementos interessantes a considerar na big picture de Pokémon mas fica ao critério de cada um descobrir e considerar o impacto desses mesmos elementos.
A eliminatória da Elite 8 que antecede o Mestre da Liga, neste caso na Red League. |
Em termos objectivos, a Ferrum League divide-se por cinco Ligas,
cada uma correspondendo a um rank
concreto, começando pelo Rank D e terminando em S. Ao contrário do que seria de
esperar, as Ligas de rank mais baixo
são aquelas que reúnem o menor número de treinadores CPU. A Green League, a primeira, conta com
vinte treinadores que o jogador é obrigado a enfrentar de modo a transitar para
a liga seguinte, que duplica o número de participantes e assim por diante, na
mesma proporção, até à última liga que reúne nada mais nada menos que cem
participantes. Não se trata portanto de “filtrar” treinadores CPU e de
“afunilar” o ranking até chegar a uma
liga que reúne uma “elite” restrita de treinadores. Pelo contrário, quanto mais
o jogador avança, mais adversários tem de enfrentar de modo a superar cada uma
das ligas e tendo em conta que o nível de desafio aumenta exponencialmente à
medida que se sobe nas Ligas, resta imaginar o que será enfrentar a última
liga, tendo de avançar arduamente por uma “Victory Road” de cem treinadores, enfrentar uma eliminatória de “Elite 8”
onde o jogador se integra e por fim o Mestre da Liga, seguido da batalha de promoção para a liga seguinte. Eventualmente o jogador acaba por enfrentar o Campeão da Liga de Ferrum, depois de uma longa e exigente prova de perícia. Preparem-se para suar
porque se é verdade que as Ligas mais baixas são relativamente acessíveis, a
exigência das ligas mais altas é evidente, pormenor que é tão ou mais
enfatizado pela “legião” de treinadores que o jogador tem de enfrentar até alcançar
o lugar cimeiro do pódio da Ferrum League e uma inteligência artificial
eximiamente calibrada.
Elinn, Mestre da Red League. |
Por último, restam as três secções de batalha no World Map: Single Battle, Local Battle e Online Battle. Em Single Battle, o jogador enfrenta adversários CPU em batalhas nos modos Basic Battle e Extra Battle onde pode calibrar o regulamento em determinados parâmetros: Dificuldade, rondas, tempo, Synergy ligada ou desligada, etc. Linear e directo, estes modos servem sobretudo como sessões de treino no quais o jogador tem total controlo do regras de batalha. Este modo é particularmente indicado para aprender a lidar e controlar a mecânica das Phases, que representa talvez a mais relevante novidade introduzida pelo jogo, definindo-se pela alternância entre a Field Phase de arena livre e a Duel Phase com perspectiva pseudo-2D. A movepool de cada Pokémon muda quse a 100% com a transição entre ambas a fases e cada uma obriga a diferentes estratégias dentro de um só turno, pelo que o controlo da mecânica de fases é inegavelmente relevante e de suma importância para qualquer jogador que tenha o objectivo de ser um “mestre” de Pokkén.
Segue-se a secção Local Battle que, como o próprio nome
indica, permite que dois jogadores disputem batalhas em modo local. O recurso
ao Gamepad da Wii U é obrigatório
para um dos jogadores (o nº 1), que terá de o usar quer como controlador e ecrã
de jogo ao passo que o segundo jogador deve recorrer a um controlador listado
como compatível com Pokkén Tournament,
servindo-se da TV/ecrã em que a Wii U está ligada como perspectiva de jogo. Em modo
local, o framerate baixa para os
30fps. Este decréscimo de frames,
longe de ser o ideal para um jogo desta natureza, não torna a experiência de
jogo propriamente proibitiva. Há no entanto a hipótese de ligar duas Wii U em
modo LAN de forma a jogar em modo local, garantindo desta forma 60fps a ambos
os jogadores, com toda a fluidez de jogo possível.
Em Online Battle o jogador e os seus Pokémon apresentam-se ao mundo,
sendo aqui que podem encontrar e batalhar com outros treinadores de todos os
“cantos” do globo. O online de Pokkén
divide-se em dois modos, Friendly Match,
o modo amigável para batalhas com amigos da Wii U ou jogadores aleatórios na
internet e o modo Ranked Match, de
vertente mais competitiva, para os jogadores que pretendem elevar a fasquia do
jogo a patamares de maior exigência. Neste modo, os jogadores competem pelos
melhores lugares do ranking mundial
de jogadores e obtêm títulos de rank
em função do estatuto que alcançam na ladder
competitiva. O modo ranked distribui
resultados em duas listagens distintas, uma com base em número de vitórias (Win Ranking) e outra com base em pontos
acumulados (Point Ranking).
Comum a outros modos de jogo mais
com maior impacto no online, o rácio de vitórias (Win Ratio) é omnipresente e está à vista de todos. Na sua essência
representa, juntamente com os títulos de rank,
a reputação do jogador, sendo como que um “cartão de visita” com base na habilidade individual. Dependendo da prestação, tanto pode ser gratificante se a
percentagem for confortavelmente elevada como embaraçoso se as derrotas forem
superiores às vitórias, o que contribui para uma baixa percentagem. É uma
estatística imediata, mutável e de certa forma implacável mas, dependendo da
prestação do jogador, representa uma meta constante a manter, superar ou
melhorar, pelo que serve de constante incentivo a uma boa prestação a a um
cuidado redobrado na imagem que o jogador transparece no online. Afinal, quem
não gosta de ficar bem na fotografia?
O espectáculo visual é garantido, seja pela magistral execução dos efeitos visuais como pelo detalhe colocado em cada stage, o que confere a cada arena uma ambiência única. |
Antes da conclusão, uma
derradeira nota para a apresentação visual e sonora do jogo. Graficamente, como
está à vista de todos, Pokkén Tournament
é irrepreensível na escala de detalhe e realismo colocado no mundo do jogo,
sobretudo nos modelos tridimensionais de cada Pokémon. Nunca os Pocket Monsters, nomeadamente os Pokémon
que integram o roster, foram tão
legítimos em termos de representação realista. O nível de detalhe dos modelos
tridimensionais é assombroso, desde texturas a proporções e demais anatomia. Da
mesma forma, os cenários que compõem as arenas de combate são ricos e
detalhados – apesar de alguns terem falhas pontuais incompreensíveis, como
público humano pouco detalhado que mais parece um conjunto de cutouts publicitários em certas arenas –
onde luminosidade e efeitos criam atmosferas únicas em cada arena. Nos combates
propriamente ditos, os efeitos provocados pelo combate e pelos golpes dos
diferentes Pokémon – por exemplo, o efeitos e partículas de fogo provocados
pelos Pokémon deste tipo - são um regalo para os olhos e providenciam um espectáculo
visual ímpar. Neste aspecto o cuidado em criar ambientes de combate únicos é
notório e em tudo fantástico. A vertente
sonora também não foi descurada e Pokkén
Tournament apresenta uma banda sonora recheada de sonoridades
diversificadas, tão variadas como as arenas que representam, sendo muitos dos
temas musicais autênticos clássicos adiantados. Quem não fica com o tema de Magikarp Festival no ouvido?
O nível de detalhe dos modelos 3D de cada Pokémon (sobretudo texturas) e das arenas é definitivamente digno de nota. |
Conclusão: Pokkén
Tournament é, em tudo, um título surpreendente apesar de simples em
estrutura. A simplicidade com que se apresenta esconde um jogo aprofundadamente
denso que tem tanto de acessível a jogadores novatos como de desafiante e
familiar para jogadores experientes no género. A organização exemplar do jogo
motiva não só á aprendizagem desde o primeiro momento – garantindo as condições
para tal - como o treino contínuo e a descoberta de cada Pokémon em proveito
do(s) estilo(s) e preferência(s) de cada jogador. Cada Pokémon é único e
minuciosamente construído, exigindo diferentes graus de dedicação quando se
trata de conhecer a fundo cada elemento do roster,
apesar de todos partilharem bases comuns.
Relevante é também é também a
legitimidade que todos os Pokémon partilham, sendo fieis ao que são nesta transição
para o género fighting, sendo este um
dos maiores desafios que rodeavam o desenvolvimento do jogo. Pode-se dizer, sem
receio, que este desafio foi plenamente superado e constitui um dos elementos
de autenticidade mais gratificantes que se pode testemunhar em Pokkén, para regojizo e incentivo de
qualquer treinador, sobretudos os que não estão familiarizados com o género. Do
modo de treino à campanha Single Player
sem esquecer o online, Pokkén Tournament
é um diamante em bruto que se trabalha com tempo e dedicação até à possível
perfeição, providenciando os meios para cada jogador crescer em termos de
habilidade e destreza.
Não obstante as limitações e os pontos negativos que
apresenta, é um jogo sólido nas suas mecânicas e representa um desafio
constante aos mais diversos níveis, abrindo desta forma um precedente bastante positivo
para um eventual Pokkén Tournament 2
– afinal sequelas são um fenómeno natural no género - que venha a melhorar e
expandir a experiência com a qual fomos presenteados. Há certamente muitas arestas a limar. Dito isto, Pokkén Tournament é definitivamente uma
experiência segura quer para treinadores como entusiastas do género, uma fusão
de dois mundos que não só resulta como surpreende e revoluciona a vários
níveis, sem desvirtuar a essência e a identidade das raízes de cada um. Não é
todos os dias que podemos testemunhar este fenómeno, sobretudo quando se trata
de um título inédito e com tanto a provar.
Pokkén Tournament
chegou e venceu.
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